A História do Pré-Fabricado no Brasil

As primeiras obras e o desenvolvimento do pré-fabricado em território brasileiro.

Como vimos anteriormente, no artigo sobre A História do Pré-Fabricado no Mundo, aquilo que conhecemos pelo conceito moderno de pré-fabricado surgiu em paralelo às duas Revoluções Industriais.

Mas, e no Brasil? Como se deu a implantação e popularização do pré-fabricado em nosso país? Este artigo trará algumas informações pontuais a respeito da trajetória do pré-fabricado em território brasileiro.

Primeiros Passos

Ao contrário do que aconteceu com a Europa nas duas Guerras Mundiais, o Brasil não sofreu grandes devastações e por isso não necessitou de uma grande reconstrução em larga escala.

Autódromo da Gávea
Autódromo da Gávea

A primeira grande obra brasileira a usar elementos pré-fabricados foi o Hipódromo da Gávea, no Rio de Janeiro, em 1926, que utilizou a técnica no desenvolvimento das estacas das fundações e nas cercas do perímetro reservado ao hipódromo.

Industrialização da Construção Civil

A preocupação real e sistemática em relação a industrialização da construção surge, segundo a Associação Brasileira da Construção  Industrializada (ABCI), a partir do início da década de 60.

Isso aconteceu, principalmente, pelo aumento exponencial da população urbana, no final da década anterior. Esse crescimento, fora do esperado, trouxe ao país um problema de déficit habitacional, que acabou resultando na criação do Banco Nacional da Habitação (BNH), em 1966, responsável por dar impulso ao setor da construção civil, que na época detinha 5% do PIB, segundo fontes do IBGE.

Operários em momento de descanso, meados do século XX
Operários em momento de descanso, meados do século XX

De início, o BNH desestimulou o uso de pré-fabricados no setor da habitação, pois tinha a intenção de incentivar a mão-de-obra não qualificada no canteiro de obra. Nesse período, a industrialização da construção civil ficou a cargo de empresários que vislumbraram o grande potencial dos pré-fabricados no futuro.

Novos Estímulos…

Apenas a partir da segunda metade dos anos 70, que o BNH reestruturou suas diretrizes para o setor da construção civil, passando então a estimular, ainda que timidamente, a introdução de novas tecnologias, entre elas as de pré-fabricação. Entre esses estímulos, se destaca o patrocínio de pesquisas de desenvolvimento de processos construtivos e a implementação de canteiros experimentais.

Pré-Fabricados no Brasil, meados do século XX
Pré-Fabricados no Brasil, meados do século XX

Alguns exemplos de edifícios construídos através desses canteiros experimentais são Narandiba, em 1978 na Bahia; Carapicuíba VII, em 1980 e Jardim São Paulo, em 1981, esses últimos no estado paulista.

…e Novos Problemas

No entanto, algumas dessas construções apresentaram, com o tempo, problemas patológicos e funcionais, trazendo altos custos de manutenção e alguns chegando ao extremo de necessitarem ser demolidos.

Após um estudo detalhado, advindo de denúncias de precariedade por parte da Companhia de Habitação do estado de São Paulo (COHAB-SP), no ano de 1983, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) concluiu a inviabilidade da restauração dos prédios e recomendou sua demolição.

Entre as causas apuradas pelo IPT estavam: o uso de material inadequado na confecção dos painéis, deficiência na execução das peças estruturais do edifício e a corrosão generalizada das armaduras dos elementos estruturais. Esses fatos foram responsáveis pela quase extinção dos pré-fabricados no Brasil, que voltariam a ser utilizados com maior frequência apenas na década seguinte.

O Retorno

No início da década de 90, o desenvolvimento acelerado da cidade de São Paulo, que passou a receber grandes investimentos, o que demandou uma vasta construção flats, hotéis e shopping centers.

Essas construções, além de demandarem grande velocidade de execução, exigiam um alto padrão em acabamento e requinte. Esses elementos e exigência, somados ao alto investimento, estimularam a importação das tendências arquitetônicas de pré-fabricação que repercutiam na Europa nesse período. O alto padrão e a qualidade estética do produto final, resultaram num retorno da ascensão do pré-fabricado no Brasil.

Desde então, foi crescendo a tendência do uso de diferentes materiais pré-fabricados em uma única obra, o que possibilita uma vasta diversidade de escolhas para o arquiteto e um melhor aproveitamento estrutural, que se beneficia da combinação desses elementos no conjunto da construção.

O Brasil tem uma recente, mas fértil, experiência com o pré-fabricado. Ainda há muito o que pesquisar e muito mais para inovar. E essa é a missão do Pré-Fabricando, espalhar para toda a população todo o conhecimento a respeito do pré-fabricado no Brasil e no mundo.

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